domingo, 30 de setembro de 2012

Governo já trabalha para flexibilização da CLT


Nova Central alerta: 

As tentativas de destruir a legislação trabalhista, os direitos sindicais e muitas outras disposições que protegem os trabalhadores e que estão asseguradas na CLT, por parte de governos e patrões, sempre estão nas pautas oficiais. As investidas surgem disfarçadas como de “boas intenções”, mas, na verdade, o que se pretende é criar favores ao capital em detrimento dos direitos do trabalho.

O ex-presidente FHC tentou desmanchar a CLT e revogar direitos inseridos tanto na CLT como nos artigos 7º. e 8º. da Constituição Federal, em 2001. A resistência das entidades sindicais derrotou o projeto tucano. O objetivo dos tucanos era de acabar com toda a legislação trabalhista e deixar que o legislado prevalecesse sobre o negociado. Ou seja, que a força e o poder patronal se impusessem sobre as entidades sindicais.

No governo Lula e na gestão de Dilma Rousseff, as tentativas de retirar esses direitos foram retomadas. Só que, agora, com um agravante perverso: correntes do movimento sindical que se abrigam na CUT e atuam como braços do Governo do PT, colaboram para o desmonte, tentando acabar com as fontes de custeio e a legislação construída e aperfeiçoada sobre o princípio da hipossuficiência, ou seja, ou trabalhador ou a trabalhadora é a parte mais frágil nas relações de trabalho. Princípio que ainda permanece válido nas condições laborais do País.

E o que querem, agora, os arautos do desmonte da organização sindical brasileira e os demolidores da legislação trabalhista: simplesmente acabar com o piso salarial, parcelar o pagamento das férias e do 13º salário, alterar normas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, modificar o aviso prévio de 30 dias, cercear a atuação de sindicatos, federações e confederações e, com isso, enfraquecer as centrais sindicais.
E qual é a desculpa desta vez?

Melhorar a competitividade do País, ou seja, fortalecer as empresas para as disputas comerciais na economia globalizada, à custa dos direitos da classe trabalhadora.
E para isso, servem todos os expedientes escusos. Até mesmo usar recursos do chamado Imposto Sindical para patrocinar campanhas milionárias contra o referido Imposto, enganando a sociedade, confundindo os trabalhadores e desviando o foco das lutas.

Querem, com isso acabar com a independência e autonomia das organizações sindicais que, no Brasil, são custeadas pela própria classe trabalhadora para se tornarem dependentes de convênios de outras parcerias com os governos ou dos repasses de recursos internacionais. Parcerias que, muitas vezes, acabam nas barras dos tribunais por desvios e malversações.

Será um retrocesso enorme, as próprias entidades sindicais, dessas correntes, abrem mão das maiores conquistas da classe trabalhadora brasileira, garantidas pela Constituição Brasileira, para se subordinarem a financiamentos de terceiros que, com certeza, não serão gratuitos.

Dizer que acabar com direitos trabalhistas e sindicais vai melhorar a competitividade do País, aumentar a produção das empresas, criar novos empregos e aumentar os salários é conto de carochinha. Não tem lógica nem sentido. São premissas falsas para conclusões absolutamente equivocadas.

O movimento sindical brasileiro já apontou caminhos para aumentar emprego, gerar mais renda e melhorar a competitividade: começa pela redução de jornada, passa por uma profunda revolução tecnológica e por mudanças substantivas no modelo econômico nacional. Ainda somos um País de características colônias cuja pauta de exportação é dominada por produtos primários.

O atraso tecnológico do País, em relação aos países capitalistas centrais é o maior entrave para melhorar a competitividade. Para isso é necessária uma outra revolução: na educação. É preciso atentar para a necessidade de políticas de formação de quadros de nível superior e não apenas a educação básica. A Índia, para dar um grande salto industrial, dedicou-se, por mais de vinte anos, à formação de físicos e, hoje, é um dos países mais avançados nessa área e em outras áreas de tecnologias de ponta.

As matérias-primas que o Brasil exporta deixam de aproveitar um grande potencial de para o aumento da competitividade e geração de postos de trabalho. O País ainda continua exportando, por exemplo, milhões de toneladas de minério in-natura que, elaborado em outros países, retornam na forma de mercadorias importadas com alto custo.

Há outros caminhos, há alternativas que não sejam, tão somente, a retirada de direitos e o sacrifício da classe trabalhadora. Por estas razões a Nova Central é contrária ás propostas que estão sendo elaboradas pelo Governo Federal com o objetivo de flexibilizar a CLT. Esse golpe é velho. As mudanças que se ventilam não servem à classe trabalhadora.

A Nova Central alerta as suas bases e, desde já, convoca sindicatos, federações e confederações para permanecerem vigilantes. Mais uma vez estão tramando contra a nossa organização sindical e a classe trabalhadora. Só a nossa resistência, com muitas mobilizações, poderá impedir esse descalabro pretendido pelo governo, pelos empresários e por seus aliados no movimento sindical.
Direito não se mendiga, conquista-se. Essa luta é de todos nós.

COMO SERÁ O PROJETO?

A Casa Civil analisa proposta de projeto de lei pelo qual trabalhadores e empresas poderão firmar acordos com normas diferentes das atuais, baseadas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em vigor há 69 anos. 

Na prática, o projeto permite que os salários e a jornada de trabalho sejam reduzidos de forma temporária em caso de dificuldades econômicas. Ele abre caminho também para a utilização mais ampla do banco de horas, pelo qual os trabalhadores cumprem horas extras sem receber adicional, e compensam o tempo trabalhado a mais com folgas. 

Os acordos entre empregados e empresas seriam firmados por meio do Comitê Sindical de Empresa (CSE), segundo prevê o projeto de lei. As normas à margem da CLT comporiam um acordo coletivo de trabalho. 

Empresas que concordarem em reconhecer no CSE seu interlocutor e os sindicatos que aceitarem transferir ao comitê o poder sindical terão de obter uma certificação do governo.

 O papel dos sindicatos, nesse sistema, seria o de atuar nas empresas que optarem por continuar sob o "modelo CLT". Eles também selariam com as entidades patronais as convenções coletivas - por meio das quais empregados e patrões definem, anualmente, aumentos salariais. Todos os membros do CSE terão de ser sindicalizados.

 A proposta em análise foi elaborada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (base da CUT), baseada no modelo alemão. O texto foi entregue ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Recentemente, a Casa Civil, que auxilia Dilma na elaboração de normas legais, pediu para analisar o projeto. Ainda não está certo se o governo adotará o projeto como seu e o enviará ao Congresso. A presidente costuma pedir análises detalhadas dos projetos que considera interessantes, para depois decidir se os levará adiante ou não. Para colher mais subsídios, um grupo deverá ir à Alemanha nas próximas semanas.

 Na Alemanha, boa parte da indústria e dos sindicatos concordaram em reduzir a jornada de trabalho e os salários, em caráter excepcional e com prazo de validade, para permitir que a economia atravessasse a crise sem falências ou demissões. "Formaram um pacto nacional, que só foi possível do ponto de vista legal porque as leis lá são flexíveis", diz uma fonte graduada da equipe econômica do governo.

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