domingo, 28 de agosto de 2011

Polícia Federal quer medidas concretas para reduzir "saidinha de banco":



Contraf-CUT e CNTV apresentaram propostas de prevenção Em reunião ocorrida na manhã
desta quinta-feira, dia 25, em Brasília, o novo coordenador-geral de Controle de Segurança Privada da Polícia Federal, delegado Clyton Eustáquio Xavier, abriu
uma agenda de diálogo com representantes dos bancários, vigilantes, bancos e empresas de vigilância e transporte de valores.
Ele defendeu o conceito de proteção à vida das pessoas e propôs construir um entendimento em torno de medidas concretas para reduzir o crime da "saidinha de
banco", que está apavorando trabalhadores e clientes.
Após duas horas de debates, não houve consensos, mas os bancos e as empresas de segurança ficaram de avaliar propostas de instalação de equipamentos de
prevenção nas agências e postos de atendimento, como câmeras internas e externas com qualidade de imagens e monitoramento em tempo real, biombos entre a fila de espera e os caixas, divisórias entre os caixas eletrônicos e isenção de tarifas de transferência de recursos (TED, DOC, etc).
Eles também ficaram de estudar o uso de arma não letal pelos vigilantes nos estabelecimentos.
Lucros permitem instalarem equipamentos de prevenção "Esses equipamentos são muitos
importantes para prevenir ações criminosas e garantir a privacidade
e o sigilo das operações, especialmente os saques em dinheiro, evitando a observação de olheiros e impedindo que clientes sejam alvos e vítimas de assaltantes",
afirma o secretário de imprensa e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr. "Esse crime inicia dentro das agências e postos de atendimento e, por isso, os bancos precisam fazer a sua parte, em vez de responsabilizar os clientes e a segurança pública", destaca.
"Esperamos que os bancos realizem estudos técnicos e concordem com essas medidas, que
criam obstáculos para eliminar riscos, trazer segurança e proteger a vida de bancários, vigilantes e clientes", aponta o diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte, Leonardo Fonseca.
"Com lucros acima de R$ 23 bilhões que tiveram no primeiro semestre, não faltam recursos aos bancos para arcar com os custos desses equipamentos, que precisam ser encarados como investimentos necessários para a segurança de trabalhadores e
clientes", ressalta.
Na reunião, a Fenaban concordou com os bancários e com a avaliação de um especialista em segurança de que "é uma ingenuidade" a proibição do uso do celular nos bancos. "Esse medida, apoiada pelos bancos e aprovada em alguns municípios sem o apoio dos bancários e vigilantes, não impede a visualização dos saques por olheiros e, por isso, é inócua e ainda viola o direito individual dos cidadãos que possuem celulares, hoje um bem essencial para a vida moderna", aponta Ademir.
19 mortes em "saidinha de banco" em 2011 A Contraf-CUT e a Confederação
Nacional dos Vigilantes (CNTV) apresentaram os dados atualizados da pesquisa nacional
de mortes em assaltos envolvendo bancos, realizada pelas entidades, com base em notícias da imprensa. Conforme o levantamento, ocorreram 28 assassinatos até o dia 24 de agosto deste ano em todo país, sendo 19 em "saidinha de banco".
"Com esses números assustadores, nós não podemos dormir tranquilos. É urgente que medidas concretas e eficazes sejam adotadas pelos bancos e as polícias,a fim de prevenir novas ações criminosas e trazer segurança", destaca o secretário-geral
da CNTV, João Soares.
Propostas dos bancários e vigilantes A Contraf-CUT e a CNTV entregaram para a Polícia Federal um documento com propostas de combate à "saidinha de banco".
Há medidas de melhoria na estrutura de segurança dos estabelecimentos,
instalação de equipamentos para a privacidade das operações e novos procedimentos
para eliminar riscos e trazer segurança.
Uma das propostas dos bancários e vigilantes é a instalação obrigatória da porta giratória de segurança em todas as agências e postos de serviços, em todos os
acessos destinados ao público, incluindo a sala de autoatendimento.
"A porta virou um símbolo de segurança para trabalhadores e clientes nos bancos, assim como o aparelho de raio-X para os passageiros nos aeroportos", comparou Ademir.
Outra proposta que os trabalhadores defenderam é o fim da triagem de clientes que ocorre no acesso à parte interna de muitas agências e postos para fins de depósito em dinheiro e saques.
"Essa medida traz riscos para a segurança dos clientes, que podem ser observados pelos olheiros de plantão, e ainda é discriminatória e excludente, na medida em que
empurra pessoas de menor renda para os correspondentes bancários", aponta Leonardo.
Avaliação:
"Mesmo sem a definição de medidas concretas, a iniciativa foi positiva, pois mostramos as preocupações e as expectativas dos bancários e vigilantes, diante
da insegurança e da "saidinha de banco", avalia Ademir. "Abrimos mais um espaço para a construção de soluções e vamos continuar batendo em todas as portas da sociedade para combater os problemas de insegurança", salienta.
"A reunião foi resultado do encontro ocorrido entre representantes da CNTV e da Contraf-CUT com o novo coordenador da CCASP, quando foi apontado o papel importante da Polícia Federal de dialogar com todas as partes envolvidas na segurança privada
e de mediar entendimentos para proteger a vida de trabalhadores e clientes", salienta o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Valores de Brasília, Artur Vasconcelos.
Participação Além da Contraf-CUT e CNTV, participaram da reunião os representantes
da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Federação Nacional das Empresas de
Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), bem como outras entidades.
Fonte: Contraf-CUT

Veja íntegra do documento da CONTRAF-CUT e CNTV entregue ao DPF:

Brasília, 25 de agosto de 2011.
Ao Ministério da Justiça Departamento de Polícia Federal Coordenação-Geral de Controle de Segurança Privada Att. Dr. Clyton Eustáquio Xavier - Brasília
Prezado Senhor:
Ref.: Propostas para combater o crime de “saidinha de banco”.
Ao saudarmos cordialmente Vossa Senhoria, vimos manifestar-lhe a preocupação de bancários e vigilantes diante da onda de crimes de “saidinha de banco”, o que tem trazido mortes, feridos e pessoas traumatizadas.
Segundo pesquisa nacional da Contraf-CUT e CNTV, com base em notícias da imprensa, já ocorreram 26 assassinatos em assaltos envolvendo bancos até a presente data em 2011, uma média de mais de três mortes por mês, dos quais 17 foram de “saidinha de banco”.
Para nós, trata-se de modalidade em que “olheiros” se aproveitam da vulnerabilidade das instalações dos bancos e, ao identificarem dentro das agências e postos de atendimento os seus alvos, agem fora dos estabelecimentos para fazer o ataque. Isso ocorre devido à insegurança e à falta de equipamentos que garantam a privacidade das transações.
Desta forma, há necessidade de medidas de prevenção dos bancos, onde a ação criminosa começa, assim como de segurança pública.
Defendemos a melhoria da estrutura de segurança dos estabelecimentos bancários, a instalação de equipamentos que assegurem o sigilo dos saques em dinheiro e a adoção de novos procedimentos para enfrentar esse crime.
Não apoiamos a proibição do uso do celular nas agências e postos de atendimento, como defendem os bancos, pois consideramos essa medida ingênua e inócua, pois não resolve impede a visualização das operações por olheiros. Significa, isto sim, a transferência da responsabilidade de segurança para os clientes, o que é inaceitável.
Isso posto, vimos apresentar-lhe algumas propostas que as entidades sindicais dos bancários e vigilantes vêm defendendo em todo país para combater a “saidinha de banco”.
1. Melhoria da estrutura de segurança dos estabelecimentos
I – Porta eletrônica de segurança individualizada, em todos os acessos destinados ao público, incluindo o espaço de autoatendimento,provida de:
a) detector de metais;
b) travamento e retorno automático;
c) vidros laminados e resistentes ao impacto de projéteis oriundos de armas de fogo até calibre 45;
d) abertura ou janela para entrega, ao vigilante, do metal detectado;
e) recuo após a fachada externa para facilitar acesso, com armário de portas individualizadas e chaveadas para guarda de objetos de clientes.
II – Vidros laminados resistentes a impactos e a disparos de armas de fogo, nas fachadas externas no nível térreo e nas divisórias internas das agências e postos de serviço bancários no mesmo piso, os quais deverão possuir:
a) composição por lâminas de cristais interligados;
b) película apropriada para a retenção de estilhaços; e
c) nível de proteção III ou III-A, de acordo com a norma internacional para blindagem.
III – Sistema de monitoração e gravação eletrônicas de imagens, em tempo real, através de circuito fechado de televisão, interligado com central de controle fora do local monitorado, com:
a) câmeras com sensores capazes de captar imagens em cores com resolução capaz de permitir a clara identificação de assaltantes, criminosos e suspeitos, instaladas em todos os acessos destinados ao público, em todos os caixas e locais de acesso aos mesmos, na sala dos terminais de autoatendimento e em áreas onde houver guarda e movimentação de numerário no interior do estabelecimento, bem como nas calçadas externas e na área de estacionamento, onde houver;
b) equipamento que permita a gravação simultânea e ininterrupta das imagens geradas por todas as câmeras do estabelecimento durante o horário de atendimento externo e quando houver movimentação
de numerário no interior do estabelecimento;
c) gravação simultânea, permanente e ininterrupta das imagens de todas as câmeras, de forma que sempre se tenha armazenadas, no equipamento de controle, as imagens nas últimas 24 (vinte e quatro) horas;
d) equipamento de gravação de caixa de proteção e instalação em local que não permita sua violação ou remoção através da utilização de armas de fogo, ferramentas ou instrumento de utilização manual;
e) equipamento com alimentação de emergência capaz de mantê-lo
operante por no mínimo 2 (duas) horas, no caso de estabelecimentos
de atendimento convencional.
2. Instalação de equipamentos para a privacidade das operações
I – Divisórias opacas e com altura de dois metros entre os caixas, inclusive nos caixas eletrônicos, para garantir a privacidade dos clientes durante as suas operações bancárias;
II – Biombos, tapumes ou estrutura similar com altura de dois metros entre a fila de espera e a bateria de caixas das agências, bem como na área dos terminais de autoatendimento, cujos espaços devem ser observados pelos vigilantes e controlados pelas câmeras de filmagem, visando impedir a visualização das operações bancárias por olheiros.
3. Novos procedimentos para eliminar riscos e trazer segurança
I - É vedado aos vigilantes o exercício de qualquer outra atividade no interior das agências e postos de atendimento que não seja a de segurança:
a) cada vigilante deverá usar colete à prova de bala nível 03, portar arma de fogo e arma não letal autorizada, além de dispor de assento apropriado e escudo de proteção;
II - O banco deverá assegurar a manutenção de um vigilante nas salas de autoatendimento, durante todo o horário de funcionamento, garantindo-lhe condições adequadas de segurança.
III - É vedada a triagem de clientes para verificação de acesso à parte interna das agências e postos para fins de depósitos em dinheiro.
IV – Isenção das tarifas de transferência de recursos (TED, DOC, ordens de pagamento) como forma de reduzir a circulação de dinheiro de praça e evitar que os clientes sejam alvos de assaltantes.
Estamos certos de termos podido contribuir para apresentar propostas para combater esse crime que assusta trabalhadores e clientes e que exige medidas concretas e eficazes de prevenção dos bancos e das polícias.
É preciso agir para proteger a vida das pessoas! Atenciosamente
Marcel Barros
Secretário Geral - CONTRAF-CUT
Ademir Wiederkehr
Secretário de Imprensa - contraf-cut
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES VIGILANTES
José Boaventura Santos
Presidente

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