Dinheiro novo e contado, pronto para ser distribuído, ajuda a financiar o crime organizado em São Paulo. Nos últimos seis anos, foram levados de empresas de transporte de valores no estado R$ 107,5 milhões,
dos quais apenas R$ 2,4 milhões foram recuperados. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira
de Transporte de Valores (ABTV) e entregue ao deputado estadual Sérgio Olímpio Gomes (PDT), ex-oficial da PM. Nos últimos três anos, dos R$ 165,4 milhões levados de empresas de transporte de valores do país, 47% foram levados em assaltos e ataques a carros-fortes ocorridos em São Paulo. Em apenas dois grandes assaltos na sede de empresas, em 2009 e 2011, foram levados R$ 54,776 milhões.
O que intriga as empresas é o fato de, mesmo quando a polícia alcança a quadrilha, a maior parte do dinheiro, acondicionado em sacos de lona, não é recuperada. Para se ter uma ideia, mais da metade de todo o dinheiro roubado da Prosegur no mundo é de ocorrências no Brasil. Ela está presente em 15 países: Alemanha, Argentina, Brasil, Chile, Cingapura, Colômbia, Espanha, França, Índia, México, Paraguai, Peru, Portugal, Romênia e Uruguai.
— É muito dinheiro, e ele está financiado o crime organizado, com compra de armas e drogas — diz
Olímpio Gomes.
Em ações ousadas, as quadrilhas fecham estradas e interceptam os carros-fortes, embora as equipes nem sempre façam o mesmo caminho para levar o dinheiro aos clientes. No último dia 8 de outubro, um
carro-forte da Protege foi interceptado na rodovia que liga Campinas a Itatiba. O tiroteio prosseguiu por
cerca de um quilômetro. Segundo Gomes, os criminosos, que usaram vários carros, bloquearam o tráfego
e cruzaram um veículo à frente do carro-forte, abrindo fogo primeiro contra o motor e, em seguida, para
romper a blindagem. O cofre do carro foi explodido com dinamite e foram levados cerca de R$ 2 milhões.
Acionados por motoristas que transitavam pela rodovia, policiais militares tentaram perseguir os assaltantes.
Três ficaram feridos. O assalto ocorreu por volta de 19h, provocando um congestionamento de cerca de dez quilômetros.
De acordo com Gomes, a região de Campinas registrou 25 ataques a carros-fortes nos últimos seis anos.
Há quatro meses, um vigilante de carro-forte foi morto num assalto, a tiros de fuzil, e até agora os outros
vigilantes que estavam com ele não foram ouvidos pela polícia.
— Ouvir as testemunhas é algo básico para começar uma investigação — diz ele.
Gomes afirmou que participou de um encontro entre as empresas e integrantes da cúpula da polícia de São
Paulo, mas os dois lados trocaram acusações.
— A polícia diz que há funcionários das empresas envolvidos. As empresas, por sua vez, queixam-se
da morosidade das investigações. É preciso dar soluções a essas questões — afirma Gomes.
De 2009 a 2012, seis vigilantes de empresas foram mortos, e 22 ficaram feridos em assaltos. Em agosto
passado, a família de um vigilante foi sequestrada em Campinas, e ele colaborou com os marginais, que
levaram R$ 2,5 milhões. Segundo Gomes, as empresas decidiram não pagar resgate de seus funcionários
ou de parentes deles.
No último dia 14, uma quadrilha cavou túnel e invadiu a empresa Protege em Santo Amaro. O alarme soou,
e o assalto foi frustrado pela polícia, mas R$ 700 mil desapareceram.
— Você imagina R$ 700 mil perdidos no esgoto? — ironiza o deputado.
Fonte: Extra
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