Quando o ex-presidente da CSPB, Raimundo Nonato Cruz, imprimiu novas estratégias na condução política e administrativa da Confederação, ainda no calor da Assembleia Nacional Constituinte, uma das suas decisões foi no sentido de incorporar novos quadros dirigentes.
Nonato iniciava o processo de transformação da CSPB em confederação sindical nacional, de acordo com as regulamentações da CLT e as novas conquistas incorporadas na Constituição Cidadã de 1988, para as quais a Confederação dos Servidores Públicos do Brasil havia dado contribuições decisivas.
A participação de novos dirigentes nos quadros da CSPB, vindos de quase todos os estados do País, trouxe novo vigor à Confederação que passou a ter atuação mais dinâmica na defesa dos direitos do funcionalismo público brasileiro, a esta altura, já ameaçados pelas reformas do Governo Collor.
A luta contra o retrocesso uniu a CSPB e fortaleceu a sua presença nas questões da categoria profissional dos servidores públicos, em lutas memoráveis em todos os governos subsequentes, de Collor , FHC a Lula.
Serviu, também, para revelar novos talentos e novas lideranças. Entre estas, se destacou Maria José Mentes, valente e combativa, mais corajosa do que muitos homens, franca e direta nos debates, leal e companheira nas lutas e na convivência pessoal.
De pronto adquiriu e manteve o respeito de todos. Era a autêntica “comandante em chefe” da aguerrida delegação da Paraíba que sempre se destacou nos eventos conjuntos do funcionalismo público.
E assim se firmou, mantendo participação ativa e permanente, fundamental e imprescindível, para que a CSPB alcançasse o patamar em que se encontra hoje. Simplesmente Maria, no começo da caminhada, foi acolhida e se transformou em Mazé, no âmbito das ações sindicais e institucionais da Confederação, num ambiente ainda dominado pelas concepções machistas.
Maria abriu espaços e consolidou a presença destacada das mulheres no movimento sindical do setor público, não só na CSPB, onde exercia o cargo de Diretora Nacional de Imprensa e Comunicação, como em outras organizações nacionais e internacionais.
Foi a primeira mulher a assumir a presidência de uma diretoria regional da Nova Central, exercendo o cargo de presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores da Paraíba, da qual se afastou por motivo de doença.
De todos os que a conhecemos e ao lado dela militamos, de todos que puderam conviver com ela e dela tornaram-se amigo ou amiga, sabem da imensa capacidade de acolhimento de que era capaz Maria José Mendes. Um coração maior do que o mundo para acolher e ajudar companheiros e companheiros, irmãos e irmãos de luta.
De todos, nesse momento, além da saudade e do exemplo, permanece a história de uma lutadora social que, pelas suas ações, da lei da morte se libertou, para continuar viva nos caminhos que construiu e nas lembranças de muitas pessoas, inclusive daquelas a quem ensinou a caminhar, na vida e na luta.
Adeus, Maria.
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